
Esse é um dos temas mais frequentes em conversas com jovens recém-formados, com executivos “em transição de carreira” ou não, alguns até com ricas experiências em grandes empresas multinacionais, assim como com experientes profissionais em fase de pré-aposentadoria. Por um lado, o cenário de incertezas de uma economia que anda aos trancos e barrancos, por outro, uma dúvida nem sempre pertinente sobre as próprias qualificações para as demandas de um mercado cada vez mais exigente, fazem com que esses profissionais procurem aconselhamento dizendo “Eu simplesmente não sei o que fazer, qual deve ser meu próximo passo?”, normalmente complementando com “Eu gostaria de fazer algo que gerasse impacto, que me fizesse sentir realmente feliz com meu trabalho” ou, simplesmente, “Eu gostaria de deixar um legado”. Por trás dessas questões, a insegurança e a preocupação em errar na escolha. Alguns, ainda jovens, têm a retaguarda familiar que lhes permite dispender algum tempo procurando encontrar a si mesmo, seja em uma viagem de estudos, seja em uma imersão num dos inúmeros MBA’s, que irão acrescentar novos conhecimentos e habilidades, enquanto buscam uma nova oportunidade. Outros, entretanto, precisam de respostas mais urgentes, pois não tem essa retaguarda e já assumiram compromissos, inclusive de natureza financeira, que não podem esperar até que sua vocação seja despertada e encontre o espaço desejado. Por isso, a primeira etapa dessas conversas procura justamente eliminar a preocupação com uma possível escolha errada. Vidas e carreiras são jornadas sem uma rota pré-estabelecida, onde raramente há um caminho pavimentado e sinalizado para nos levar diretamente ao sucesso, nos termos estabelecidos por cada um de nós. Errar é parte do aprendizado e a pergunta “o que devo fazer com minha vida?” deveria ser uma pergunta permanente, que nunca deveríamos deixar de nos fazer, mas sem o sentimento de angústia que normalmente a acompanha. As próximas etapas irão explorar ordenadamente questões construtivas: “Em que sou realmente bom e capaz?”, “O que realmente gosto de fazer?”, que precisam ser complementadas por uma análise bem fundamentada do mercado, respondendo a uma terceira questão: “Que conhecimentos e habilidades são exigidos para que eu possa desenvolver minha carreira conforme meus interesses?”. A palavra japonesa “Ikigai” popularizou-se recentemente pela publicação de um livro (1) com esse título e pela sua tradução mais simples, “a razão pela qual nos levantamos pela manhã”. Em verdade, ela tem um profundo significado filosófico entre os nativos da ilha de Okinawa, onde a longevidade é inigualável e a prática dessa filosofia é a razão dessa conquista. Um diagrama feito pelo escritor Marc Winn relaciona a filosofia Ikigai com quatro fundamentos de nossa vida: nossa paixão, nossa missão, nossa vocação e nossa profissão, todas elas interligadas. Quando buscamos respostas para as questões construtivas anteriormente formuladas, podemos recorrer a essas intersecções para nos auxiliar: · Paixão + Profissão: aquilo que é bom em você; · Profissão + Vocação: aquilo pelo que podem te pagar; · Vocação + Missão: do que o mundo precisa; · Missão + Paixão: o que você ama. Segundo os autores do livro, os habitantes de Okinawa acreditam que ter um Ikigai claro e definido, uma grande paixão, dá satisfação, felicidade e significado à vida. Penso que seja isso que todos nós procuramos em nossas jornadas, pessoais e profissionais, por isso nos fazemos tantas perguntas frente às encruzilhadas que a vida nos apresenta. Um bom programa de Coaching poderá ser muito útil para fazer com que as respostas saiam de sua própria mente. (1) Garcia, Hector e Miralles, Francesc - IKIGAI: Os segredos dos japoneses para uma vida longa e feliz - Ed. Intrínseca, 2018. Escrito por